Masoquistas (Inconscientes?)
- Diogo Chiquelho
- 13 de jan. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de jan. de 2018
É claramente infeliz o geral acontecimento que se sucedeu, neste verão, nas florestas portuguesas. Chamas, calor, escuridão, sofrimento, medo e mesmo até morte correram hectares e hectares de terras de Portugal.
As causas para tal são vastas: más opções de culturas desenvolvidas, uma ignorância muito generalizada no que toca à limpeza destes terrenos e áreas, a frequente diminuição da vigilância das florestas e espaços verdes, o aumento das temperaturas de ano para ano devido ao acentuar dum aquecimento global que torna mais secas e vulneráveis estas áreas a acontecimentos como estes, uma seca como a que não se vivia à imensos anos que também influencia na mesma matéria que influencia a causa anterior e também diminui os meios de combate aos incêndios, entre muitas várias.
A que atribuiríamos a culpa? Eu digo a nós! Direta ou indiretamente todas as causas, como, já agora, penso que seja óbvio, sucederam-se por culpa dos interesses e vontades do Homem e as consequências não são só as já bastantes visíveis (como a destruição de ecossistemas, biodiversidades, faunas e floras, paisagens, etc) mas vão até situações como o uso de água do mar, para combate a estes incêndios, que acaba, por exemplo, por tornar suscetível a salinização dos solos, tornando-os muito inférteis, ou a infiltração nos solos destas águas salgadas que poderão contaminar outras águas que corram em lençóis. Nós, seres humanos, é que permitimos que as causas fossem fatores, a culpa deve ser geral, em sociedade. Somos nós, proprietários de prédios rústicos que não limpamos estas mesmas áreas. Fomos nós que permitimos que a diminuição da vigilância nas florestas fosse diminuindo e não contestamos ou pouco fizemos por tal e que a pouca que existe (se é que se pode dizer que existe alguma) é ineficaz. Somos nós que cada vez mais deixamos só aquele pequeno papel no chão, que damos incentivos a indústrias poluidoras para crescerem, que cultivamos e gerimos os recursos naturais erradamente que fazemos ser real o aquecimento global e que posteriormente também hajam secas, devido a não fazermos uma gestão correta da água, uma gestão sustentável, uma gestão pouco esbanjadora!
Não me entenda o estimado leitor erradamente e atente ao facto de eu me referir sempre na primeira pessoa do plural o que me incluiu a mim neste grupo de terroristas ambientais. Incluo-me eu, incluo os responsáveis digamos que mais diretos no assunto (governo, deputados, etc), incluo o caro leitor. Basicamente incluo toda a gente com capacidade psicológica para perceber o que é saber agir em conformidade com a natureza, com o ambiente e sabe que é necessário preservá-lo mas que, contudo, o recusa e nega. Incluo-me a mim? Obviamente, não em tamanha quantidade como sei que há certos que se devem incluir nessa mesma avultada quantidade mas numa quantidade mais reduzida, pois bem sei que já incentivei esta seca ao deixar a água aberta mais cinco ou dez minutos não sendo esta necessária, que já devo ter deixado um papel, um plástico algures por aí ,fora de um local apropriado para a receção destes resíduos, etc. Incluo toda a gente porque, mais ou menos, interferiu para este estado.
Parecemos, em parte, masoquistas quando lemos estas palavras certo? Isto porque somos nós que cultivamos os nossos próprios momentos de terror, de sofrimento, de medo e dor. Agora será este masoquismo consciente e voluntário ou inconsciente e involuntário sendo que não pretendemos estas situações negativas e de puro terror mas que, apesar de isso, temos certa consciência ao atuarmos para enaltecer estes acontecimentos e as causas que levam a eles. Fica esta dúvida pela qual também ficarei a refletir.
Concluindo, apenas dar os meus pessoais pêsames aos familiares de todos os que perderam a sua vida devido a estes acontecimentos. Dar os meus votos de força a quem viu as suas propriedades desaparecerem nas chamas ao ponto de não ter sequer um colchão para descansar o exausto corpo e mente ao fim de um sucedido destes. Agradecer aos bombeiros e a quaisquer intervenientes para a resolução dos incêndios e que assim ajudou para o apaziguar destas fases de terror.

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