Juros dificilmente amortizáveis
- Diogo Chiquelho
- 31 de jul. de 2018
- 2 min de leitura
A porta-voz da WWF (World Wide Fund for Nature), Valérie Gramond, comunicou que a partir do início do próximo mês, exatamente no primeiro dia do mês de agosto, estaremos a viver “a crédito” para com a natureza…! Isto porque já teremos prestado mais emissões que o planeta consegue suportar num ano, como também já teremos consumido os recursos que deveriam corresponder a este mesmo ano nas mais variadas matérias, sejam elas o solo, os recursos hídricos, etc. Isto tudo em, apenas, agosto. Um ano tem doze meses e exatamente ao oitavo mês já estamos em estado de dívida…!?
Nós, seres humanos, usamos (e automaticamente abusamos) daquilo que nos é dado em limite. Parece que tudo tem de ser ilimitado para nós! Aplica-se aqui o nosso português ditado “Se lhe dás a mão, eles já querem o braço”. A natureza dá-nos, como sempre, a mão ao disponibilizar tudo o que precisamos para a nossa estadia no planeta, e estadia esta simpática. Mas para nós não nos basta, preferimos procurar o “braço inteiro” e passar a viver cinco meses “em crédito”.
Este cenário é ainda mais aterrador quando os estudos apontam que se todos os países tivessem um consumo semelhante ao dos maiores consumidores da atualidade os recursos já estariam esgotados ao segundo mês do ano! Exatamente, não percas tempo a reler porque sim, leste bem, em fevereiro! Logo ao segundo mês do ano já teriamos de estar a pedir crédito ao Planeta Terra para podermos assegurar a nossa manutenção.
Para o bom funcionamento, o Homem precisaria atualmente de 1,7 Terras para a satisfação das nossas necessidades, contudo (e o que cria paradoxo com este dado) cerca de um terço dos alimentos que o ser humano acumula acabam no desperdício. Isto é como achar que preciso de dois carros para fazer o percurso de casa até ao meu emprego, contudo o local onde trabalho fica a cinco minutos de carro e a quinze a pé, ou seja apenas um desses carros bastaria ou até poderia ser recusada a sua utilização. Comparação confusa? Provavelmente, mas a confusão é tudo o que se aplica à nossa forma de atuar, pois, simplesmente, não faz sentido.
Como se sabe o recurso ao crédito, normalmente, pressupõe juros que futuramente se adicionarão à amortização desse empréstimo e não diferente será com o crédito que estamos a contrair atualmente…ao fim ao cabo não passa de um contrato, onde a credora Natureza aplicará os seus juros, que não serão facilmente amortizáveis por nós…

imagem de conexaoplaneta.com.br
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