…águas (cada vez menos) mil
- Diogo Chiquelho
- 10 de jan. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de jan. de 2018
A água é uma temática que se tornou dos assunto mais virais e tomou as frentes de trabalho a nível político e ambiental.
A verdade é uma e apenas uma: cada vez há menos e, pelo rumo, secas como a atual serão frequentes todos os anos, todos os verões, cada vez de maiores dimensões e de maiores consequências marcantes.
O Homem moderno parece um ser que colocou inata a si uma característica onde apenas dá valor àquilo que tem quando está em vias de a perder e, como todos nós sabemos, a água é um bem indispensável à existência de vida humana no nosso planeta. Triste? Eu digo que sim, bastante, pois prevenir é sempre a melhor solução quando se trata de lidar com a natureza e esta característica irá sempre atrasar o Homem neste aspeto.
Na minha cidade de Viseu, apesar da situação atual ser estável, é necessária alarmar para esta consequência e não olhar a grandes meios no que toca a proteção deste bem (obviamente não pondo em causa o bem estar qualquer outro bem, ecossistema, paisagem, etc). Faz uns tempos, ainda em plena época de seca extrema onde o pior se temia e camiões entravam diariamente em direção à barragem de Fagilde para tentar evitar esse pior, que estava com os meus pais parado numa bomba de gasolina. Já era tempo em que a Câmara Municipal de Viseu propagandeava a poupança de água e o estado alarmante em que se encontrava o município neste aspeto. Contudo, vi um senhor que derrama, literalmente, litros e litros de água sobre o seu carro, carro este que aparentava estar limpo e dispensável de tamanha limpeza. Estas atitudes fazem a diferença e certamente o pensamento desta pessoa passaria (ou deveria, pelo menos, passar) por: -“Se eu gastar aqui também um pouco mais não será por aí que a escassez aumentará significativamente”. Pois bem caro “pensador” (e daqueles que classifica o termo popular: “de meia tigela”) o problema está no facto de essa água gasta desnecessariamente associada a outros gastos desnecessários, voluntários ou involuntários que acontecem diariamente, fazem uma tamanha diferença no momento de fazer o balanço de água disponível no município para abastecimento e uso. Sabia o senhor que por ano são desperdiçados, em Portugal, cerca de 3 100 000 000 m3 o que corresponde a cerca de 41% do consumo total de água e que só este desperdício irá corresponder a cerca de 0,64% do PIB, ou seja 728 000 000€ por ano?
Associado a isto está o ridículo dos privilégios que se dão e, atualmente, quem mais polui e destrói é quem menos paga. A agricultura, principal desperdiçador de água e contaminador de água, tem privilégios nesta matéria e cerca de 40% da água que é captada para fins agrícolas é desperdiçada. Deve-se reclamar pela resolução destes paradoxos o mais rapidamente possível e os responsáveis políticos, em prol de evitar um desastre hídrico, devem atuar eficazmente e rapidamente.
Preservar a água passa por simplicidades que, associadas, farão sempre a diferença! Não espere agora o caro leitor que milagres aconteçam. Será necessário haver uma mudança comportamental no que toca ao tratamento da água e aqui sim, é onde está toda a solução deste e de todos os outros problemas ambientais contemporâneos. Contudo uma coisa tenho a certeza: quem se recusou a poupar faz-me acreditar que será o primeiro a reclamar aquando do infeliz desastre.
Foto por Pontos de Vista

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